sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Evangelisches Stift: Agonia pronlongada pela "restauração"



O futuro do Evangelisches Stift - o antigo prédio da Fundação Evangélica de Hamburgo Velho, na rua Maurício Cardoso, segue uma incógnita, após mais de um ano com as obras paralizadas.

O prédio, que integra sítio histórico tombado pelo IPHAN, teria sido construído em meados de 1850-60, ainda com um pavimento. Foi ampliado posteriormente na década de 1910, alguns anos após sua compra pelas irmãs Lina e Amália Engel, que ali instalaram um internato feminino.

Após a transferência da Fundação Evangélica para uma nova estrutura o local abrigou sucessivamente os mais diversos usos: jardim de infância da Comunidade Evangélica, Fábrica Arlindo Thoen, Lar da Menina da Fundação Dom Bosco, Museu do Calçado, Atelie Livre da SEMEC-NH e por fim, albergue da Secretaria Municipal de Saúde.

Incendiado no ano de 1999, vive desde então uma lenta agonia: com a derrubada do seu frontão logo após o incêndio, a edificação passou mais de uma década se deteriorando. Foi adquirido pela municipalidade em 2008 e posteriormente, formulado de um projeto de restauração, cuja execução começou em 2013.

Ninguém poderia imaginar que esse processo de recuperação fosse se tornar mais um amargo capítulo na trajetória do antigo Stift: as obras foram embargadas por uma ação civil pública do Ministério Público Estadual por suspeita de irregularidades na licitação, além das nítidas falhas técnicas na execução da obra, em desacordo com princípios básicos de preservação.

O próximo capítulo desta história ainda será escrito, mas certamente já deixou seu impacto negativo na memória afetiva da edificação.

FONTE: Inventário do Patrimônio Cultural de Novo Hamburgo - SIG/IPHAN
Foto: Acervo Fundação Scheffel

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

São Pelegrino - Símbolo da arte sacra gaúcha em Caxias do Sul (RS)


Estrategicamente situada no espaço urbano de Caxias do Sul (RS), a igreja de São Pelegrino foi cuidadosamente concebida para tornar-se um marco da arquitetura sacra gaúcha. A obra iniciou em 1944 e foi inaugurada em 1953.

Trata-se de uma das obras mais ousadas do arquiteto autodidata Vitorino Zani, figura expressiva da arquitetura sacra gaúcha, autor de dezenas de igrejas católicas espalhadas por todo Estado.

A igreja de São Pelegrino é um dos exemplares em que Zani deixou de lado elementos historicistas e ousou a modernização da arquitetura sacra, inserindo elementos protomodernos e Art Déco, ainda na composição e proporção clássica. O resultado pode até pecar pelos excessos, mas numa época de mudanças culturais e sociais como aquela, a experimentação do arquiteto vale no mínimo como excelente documento histórico.

Já nos interiores estão abrigadas a obra-prima do artista Aldo Locatelli: o mural da Santa Ceia, da Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alecoque, da Aparição de Nossa Senhora de Caravaggio à vidente Joaneta, e o teto da igreja ilustrando a Criação do Cosmo, a Criação da Mulher, a Expulsão do Paraíso e o Juízo Final - além da Via Sacra e dos anjos de seu auxiliar Emilio Sessa.

Marco urbano em uma pequena metrópole cravada no interior do estado, em plena serra, a Igreja de São Pelegrino simboliza a arte sacra católica gaúcha, representando a produção artística do seu apogeu. A imagem mostra um postal da igreja na época da inauguração, ainda cercada de casarões de madeira, hoje substituídos por prédios altos que tentam diminuir sua presença na cidade.