quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ivoti (RS) nos anos 80


O postal da década de 80 mostra praticamente toda a pequena área urbana de Ivoti na época, onde destaca-se a Av. Presidente Lucena - o "travessão" ao longo do qual foram distribuídos originalmente os lotes coloniais.

Na mesma década, em 1985, houveram movimentações pelo tombamento dos prédios históricos e limitação da altura das edificações na Av. Presidente Lucena. Foi publicado no jornal Zero Hora de 12 de novembro de 1985 um antológico artigo do prof. Júlio Nicolau Barros de Curtis, "Ivoti no limiar do lugar-comum", onde clamava por respeito a fisionomia histórica da via enquanto patrimônio da imigração alemã.

Infelizmente nesta época as lideranças políticas locais optaram pelo não reconhecimento do patrimônio cultural do centro da cidade, posição mantida por todas as administrações desde então. Pode-se dizer que Ivoti está neste momento atingindo o "lugar-comum" como profetizado pelo prof. Júlio de Curtis na década de 80.É nítida a crescente banalização da paisagem urbana, poluição visual, a saturação do trânsito na via, e é claro, a derrubada sumária do patrimônio cultural.

Como contraponto, Dois Irmãos (RS), a cidade vizinha, conseguiu manter seu "travessão inicial" como um lugar aprazível, ao longo do qual dezenas de bens históricos foram tombados. O fluxo maior de automóveis também foi realocado em vias paralelas. O exemplo prático demonstra que valorizar o patrimônio não é nada impossível e que Ivoti ainda pode resgatar um pouco do charme que restou, caso atitudes urgentes sejam tomadas.

Fonte da imagem: postal doado por morador de Ivoti (RS)
Fonte: CURTIS, Júlio Nicolau Barros de. Vivências com a arquitetura tradiciona do Brasil. Porto Alegre: Ritter dos Reis, 2003.

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