segunda-feira, 31 de março de 2014

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O Armazém Ítalo-Brasileiro de Cachoeira do Sul (RS)


A imagem apresenta a inauguração, em 1935, do negócio de Matheus Libonati na cidade de Cachoeira do Sul (RS).
Trata-se do "Armazém Ítalo-Brasileiro", casa de especialidades situada na esquina das ruas Ramiro Barcelos e Sete de Setembro. A edificação apresenta volumetria e fenestrações ainda tradicionais, típicas do ecletismo, mas com decoração simplificada e elementos art déco, como o frontão geométrico e o guarda-corpo naval na sacada.

O prédio embora não seja inventariado ou protegido ainda encontra-se preservado, com algumas alterações no térreo, marcando uma esquina na paisagem urbana de Cachoeira do Sul.

Fonte: Revista Vida Doméstica 1936 - Ed. 222.


quinta-feira, 27 de março de 2014

A antiga Av. Eduardo do 4º Distrito em Porto Alegre (RS)


O postal retrata uma das principais vias do antigo 4º Distrito de Porto Alegre (sua primeira zona operária e industrial por excelência) a Avenida Eduardo, posteriormente rebatizada para Avenida Presidente Roosevelt. Não é datado, mas provavelmente seja de meados da década de 20.

Eduardo seria o nome de um dos primeiros proprietários de terra do local. Já a homenagem ao Presidente norte-americano data de 1941, com a aproximação do Brasil às forças aliadas na Segunda Guerra. Neste ano, uma grande enchente flagelou centenas de trabalhadores e fábricas locais, e o consulado dos Estados Unidos intervieram com a doação de uma grande soma em dinheiro através da Cruz Vermelha.

Como parte da política de boa vizinhança e para demonstrar o alinhamento político-ideológico com os Estados Unidos a Avenida Eduardo passaria a se chamar Avenida Presidente Roosevelt, denominação que segue até os dias atuais.  É importante lembrar que o antigo 4º Distrito era reconhecido na época como berço de inúmeras células do partido Comunista e ainda, de elementos nacionais vinculados ao "eixo" (teutos e italianos) organizados em sociedades, e a homenagem da administração mostrava-se um contraponto a esta diversidade sócio-cultural e política.

Na imagem, é possível reconhecer em segundo plano à direita a antiga sede da Sociedade Gondoleiros.

Fontes: FORTES, Alexandre. Nós do quarto distrito: a classe trabalhadora porto-alegrense e a era Vargas. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2004..

quarta-feira, 19 de março de 2014

Antiga Escola Militar de Rio Pardo (RS)


Em Rio Pardo, na rua General Andrade Neves, destaca-se pela imponência a Antiga Escola Militar de Rio Pardo, hoje Centro Regional de Cultura. 

O prédio teve sua construção iniciada em 1848, com finalidade de abrigar uma Casa de Caridade. A partir de 1885 foi sede de quatro escolas militares, que tiveram como alunos figuras como Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Mascarenhas de Moraes. Seu último uso anterior a restauração foi o educandário das Irmãs do Puríssimo Coração de Maria, que nele instalaram o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Após sua desocupação, o prédio ficou por décadas abandonado - sendo inclusive doado ao governo do Estado do Rio Grande do Sul em 1974, o que nada alterou sua situação de abandono. 

Em 2002 finalmente iniciaram as obras de restauração, concluídas em 2005 com a inauguração do Centro Regional de Cultura Rio Pardo. A obra foi financiada através da LIC - Lei de Incentivo a Cultura. A restauração marcou o município, sendo até hoje praticamente a única obra de restauração criteriosa realizada na cidade. Trata-se de um marco também no Estado, considerando o porte da restauração e sua realização numa pequena cidade de interior. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

A impressionante antiga sede do Clube União em Antônio Prado (RS)


Antônio Prado teve em sua área urbana uma das mais imponentes e impressionantes edificações de madeira já construídas no Brasil. Trata-se da sede antiga do Clube União, inaugurada em 1923.

A edificação contava com dois pavimentos, e ainda com o sótão habitável, abrigado sobre um telhado de múltiplas águas e inclinação bastante acentuada. A volumetria do Clube União era marcante e imponente, integrando ainda nos beirais lambrequins de dimensões e desenho únicos.

Além dos eventos, bailes e festividades sociais, o prédio abrigou um cinema de 1928 a 1936, operado pelo sr. Calvino Palombini.

Infelizmente na década de 1960 o prédio foi desmanchado (foto), com a construção da nova sede do Clube. É importante frisar que, a esta época, o patrimônio cultural das imigrações ainda era completamente ignorado não só pela sociedade brasileira, mas pelos próprios institutos de patrimônio. A narrativa unificada que ainda imperava era o discurso do patrimônio arquitetônico luso-brasileiro.

Felizmente desde o final da década de 80 o patrimônio cultural das imigrações vem sendo reconhecido, embora o processo seja ainda bastante lento. Antônio Prado conta hoje com um conjunto de dezena de imóveis de madeira tombados como patrimônio nacional. É uma pena que o Clube União não tenha resistido até o tombamento. Sua perda deve servir de referência para que se evite a continuidade da demolição de tantas outras referências culturais. 

FONTES: BARBOSA, Fidélis Dalcin. Antônio Prado e Sua História.
Fotografia: Autoria de Nereu José de Boni. Publicada por Carla de Boni no grupo Memórias de Antônio Prado no Facebook.


quarta-feira, 12 de março de 2014

Salvo pela sociedade - Prédio da ACIT de Taquara


O prédio da ACIT - Associação Comercial e Industrial de Taquara (hoje rebatizada para CICSVP) é um dos mais ricos exemplares da arquitetura eclética no município de Taquara (RS).

Sua construção se deu em 1912, funcionando inicialmente como agência bancária do Banco da Província. Apesar de sua grande importância e presença marcante na paisagem urbana, sua estrutura começou a ser impiedosamente demolida em 1986. Com grande mobilização da comunidade (apesar de ser necessário comentar que houve mobilização também em contrário), com abaixo assinado e pressão junto aos órgãos públicos, o prédio foi tombado como Patrimônio Histórico do Estado do Rio Grande do Sul no mesmo ano.

O tombamento da ACIT foi um dos primeiros efetuados pelo Estado e retrata uma fase de grande mobilização social em defesa do patrimônio na década de 80 (outros bens foram tombados, também, por insistência da sociedade civil: Casa Schmitt Presser em Novo Hamburgo - pelo IPHAN, Ponte de Ferro em São Leopoldo pelo IPHAE, entre outros).

 Infelizmente Taquara não aprendeu a lição e, se existe ainda uma vaga ideia de conjunto minimamente preservado,deve-se a pequena área de entorno delimitada pelo IPHAE para o tombamento da ACIT. O município jamais assumiu sua missão complementando essa proteção. Dezenas de outros exemplares históricos importantes seguem se perdendo ano após ano naquele município, enquanto não há qualquer perspectiva de um inventário criterioso de seu patrimônio, de uma legislação de respaldo e de mais tombamentos e políticas de incentivo aos proprietários.

Fica o prédio da ACIT como um monumento da mobilização da sociedade pelo patrimônio - e, esperamos, como um incentivo para que um dia essa mobilização seja retomada e se torne contínua e perene.

FONTE: Site do IPHAE-RS

domingo, 9 de março de 2014

O futuro nunca chegou: Cassino Palace Hotel de Canela (RS)


O arrojado projeto do Cassino Palace Hotel mexeu com o imaginário dos gaúchos. O complexo hoteleiro e de jogos na cidade de Canela (RS) foi lançado pela empresa W. Rinaldo Dietrich S.A.

Anúncios em jornais e postais foram distribuídos a todos os lados já no final dos anos 30, anunciando a vultuosa obra que se tornaria referência no turismo da Serra Gaúcha.

O projeto foi encomendado ao arquiteto alemão Theodor "Theo" Wiederspahn, que estava nos últimos anos de vida, enfrentando problemas financeiros e já enfrentando dificuldades políticas devido às campanhas de nacionalização.

Muitos problemas foram se acumulando durante a construção, mas o golpe final no projeto seria dado em 1946. Com a obra em andamento, fundações finalizadas e primeiro andar sendo edificado, surge uma notícia: foram proibidos em todo País os jogos de azar.

A proposta de Cassino ficou assim inviabilizada e já não havia motivação ou recursos para concluir as obras do gigantesco Hotel. Assim, o Cassino Palace Hotel nunca se concretizou. Mas suas ruínas, que ainda existem, tornaram-se parte da história e da mitologia local da Serra Gaúcha. Espera-se sinceramente que estes resquícios sejam criteriosamente preservados.

FONTES:
Postal da época editado pela Livraria do Globo
WEIMER, Günter. Arquitetura erudita da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Editora EST Edições, 2004



Edifício Guaspari e a modernidade em Porto Alegre (RS)


Projetado na década de 30 por Fernando Corona em ponto privilegiado da cidade (próximo ao Mercado e ao Paço Municipal) o pequeno e esguio Edifício Guaspari tornou-se rapidamente um ícone da "modernidade" em Porto Alegre.

Longe de vincular-se ao que ficou conhecido como arquitetura moderna, o prédio representa uma espécie de proto-modernismo que bebe fartamente do vocabulário Art Déco. Mas, diferentemente do "grosso" da produção da época, sua arquitetura privilegia os jogos de volumes e de cheios e vazios, e não apenas elementos decorativos geométricos agregados na fachada.

A imagem mostra o Guaspari num postal, em composição com um dos leões do Paço e uma luminária da Praça Montevidéu. O prédio, embora seja inventariado como patrimônio cultural, encontra-se empacotado numa cortina metálica. A cidade despreza hoje um dos seus mais interessantes postais.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O templo luterano de Tramandaí (RS) - Comunidade Bom Pastor


Um dos principais marcos urbanos de Tramandaí é o seu templo luterano da Av. Fernandes Bastos. Trata-se de comunidade vinculada a IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, denominada comunidade Bom Pastor.

A comunidade organizou-se efetivamente a partir de meados de 1950, tendo já em 1952 lançado a pedra fundamental da igreja. Esta seria inaugurada somente em 07/02/1960 (época da imagem acima). 

O projeto é uma curiosa releitura estilizada de elementos neogóticos, e segue a estrutura com torre nos fundos que foi consagrada por alguns arquitetos teuto-brasileiros preocupados com a funcionalidade (o mesmo padrão repetido na Igreja da Ascensão, de Novo Hamburgo, na de Canela e em outras).

A torre ainda destaca-se na paisagem da avenida e mesmo nas visuais de Tramandaí a partir do rio.
É definitivamente um prédio único, construído em um período de transição entre o historicismo e a arquitetura moderna, que mereceria ser reconhecido e preservado.

Fonte da imagem: blog da paróquia

O Posto de Higiene de Novo Hamburgo (RS)



A imagem mostra a construção quase finalizada do prédio do novo Posto de Higiene de Novo Hamburgo, em 3 de Setembro de 1948.

O projeto, de linhas Art Déco de caráter bastante geométrico, foi desenvolvido pelo Departamento Estadual de Saúde em 1945, incorporando na sua arquitetura os novos paradigmas da medicina. O corpo era simétrico, com circulação central, e algumas paredes eram dotadas de cantos arredondados. A quantidade de aberturas denota a preocupação com a circulação do ar.

A presença do prédio na cidade marca um momento importante na trajetória da saúde pública no Brasil e, em especial, do "desembarque" tardio destas políticas públicas na cidade de Novo Hamburgo. O prédio ainda encontra-se no mesmo local e sem maiores alterações na fachada. Espera-se que continue preservado.


Fotos: I - Foto antiga - Acervo digital Gilberto Winter
II - Planta - Acervo da Fundação Scheffel.