segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O Cristo Redentor no Morro de Sapucaia (RS)


No início da década de 1940, houve um ambicioso projeto para a instalação de um grande monumento católico na região metropolitana de Porto Alegre. Trata-se do projeto de um Cristo Redentor no popular "morro do chapéu" ou Morro de Sapucaia, no atual município de Sapucaia do Sul (RS).

A ideia teria partido do então subprefeito Jorge Morais, quando a localidade ainda era distrito de São Leopoldo. O croqui apresentado tem a assinatura Casa Aloys - Arjonas.

O futuro Cristo Redentor de Sapucaia, que seria visível de vários pontos da região metropolitana, chegou a ser divulgado na mídia local em 1941 e o projeto foi aprovado pelo arcebispo D. Becker. A proposta foi absolutamente esquecida e jamais se concretizou.

FONTES: MOEHLECKE, Germano. O Vale do Sinos Era Assim. São Leopoldo: Rotermund, 1978.
AZZI, Riolando. Presença da Igreja Católica na sociedade brasileira, 1921-1979 
Acervo Hemeroteca Biblioteca Nacional http://hemerotecadigital.bn.br/

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Inauguração da igreja matriz de Rolante (RS) em 1950


No final do ano de 1950, o município de Rolante inaugurava sua "nova matriz".

Vitorino Zani foi arquiteto responsável pelo projeto, que emprega alguns elementos do neogótico numa composição eclética. Zani é responsável por boa parte da produção arquitetônica religiosa da época no Estado, sendo autor de obras importantes como a Igreja de São Pelegrino em Caxias do Sul e a Catedral São Luiz de Novo Hamburgo.

O prédio encontra-se preservado e situa-se em ponto privilegiado nas visuais urbanas de Rolante.


FONTE: Convite - Acervo de Diva Walzer Kuhn



quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A primeira Hidráulica de Cachoeira do Sul (RS)


Em 1918, o importante engenheiro sanitarista Saturnino de Britto visita Cachoeira para acertar a contratação de projetos para o abastecimento de água e esgotos da cidade. Deste plano geral, executou-se num primeiro momento um trecho inicial, que consiste na primeira Hidráulica do atual município de Cachoeira do Sul.
Este módulo constava da captação de água nas margens do rio Jacuí na altura do cemitério das irmandades, sendo recalcada por bomba centrífuga até um tanque de decantação, onde era arejada, batida, pré-filtrada e decantada; sendo então elevada a outro tanque de distribuição.
Em dezembro de 1920 foi lançada a pedra fundamental da hidráulica municipal, cuja pedra foi cimentada pelo intendente municipal, dr. Annibal Loureiro. As primeiras experiências da Hidráulica foram realizadas em setembro de 1921, e no dia 20 do mesmo mês foi finalmente inaugurada com festividades.
Curiosamente a água da primeira Hidráulica Municipal não agradou a todos. Os cidadãos acostumados com a limpidez da água das fontes anteriormente utilizadas resistia em acostumar-se às águas turvas distribuídas pela Hidráulica Municipal.
Posteriormente executou-se o restante do projeto original de Saturnino, sendo edificado o reservatório enterrado - R2 e o Chateau D’Eau. O reservatório e a fonte de decantação da primeira hidráulica são inventariados como patrimônio cultural e encontram-se à Praça Itororó, sem número.

Fontes:
Jornal O Commercio - em especial o de 28 de setembro de 1921
Acervo do Museu Municipal de Cachoeira do Sul

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O prédio da SEMEC 2 / IBA de Novo Hamburgo (RS)


O prédio situado no começo da Avenida Primeiro de Março no centro de Novo Hamburgo abrigava a sede do Tiro de Guerra, que uma vez extinto, foi doado ao município pelo Sr. Léo João Campani com a condição de que fosse utilizado para fins de instrução pública.

O espaço foi reformado dentro dos padrões das escolas da então SEDEP - RS, e passou a abrigar em meados de 1957 o IBA - Instituto de Belas Artes, mantido inicialmente pela Sociedade Cultural de Novo Hamburgo. O local ofereceu cursos de Artes Plásticas, Música, cursos livres de ballet, decoração de interiores, artes florais e outros, além de escolinha infantil de artes. Tal Instituto foi um dos embriões da atual Universidade Feevale.

Posteriormente, no local funcionou o espaço cultural da Secretaria de Educação e Cultura (período em que ficou conhecido como SEMEC 2), abrigando diferentes expressões artísticas.Abandonado e em acelerada degradação, o prédio encontra-se sem uso há muitos anos. No entanto, segue marcado na memória social e afetiva.

Em 2011 o prédio foi tombado como patrimônio cultural do município. Em 2013 foi "destombado" o interior do mesmo prédio - no mesmo ano que boa parte do prédio desabou e outra parte foi derrubada. Recentemente foi aprovado, após inúmeras tentativas frustradas, o projeto cultural busca a recuperação do que restou para uso como centro cultural.

Dois atos públicos foram realizados pelo Coletivo Consciência Coletiva no local, pedindo urgência na recuperação daquele espaço e realizando exposições de arte na frente de sua fachada. Certo é que torna-se cada vez mais visível o absurdo de se ter um prédio público - que traz a cultura no seu DNA - sucateado, enquanto o município despende mensalmente um valor astronômico para aluguel de outros espaços culturais.

FONTES:
LEI MUNICIPAL Nº 66, DE 01.07.1950.
PETRY, Leopoldo.  Novo Hamburgo - O florescente município do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo: Editora Rotermund, 1963.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A Casa Pastoral e Escola Evangélica de Lomba Grande


Lomba Grande, hoje um bairro de Novo Hamburgo (RS), guarda um exemplar ímpar de arquitetura teuto-brasileira no Rio Grande do Sul. Trata-se da antiga Casa Pastoral e também antiga Escola Evangélica de Lomba Grande.

A primeira construção deu-se em 1862, com a mobilização da comunidade pelo professor Heinrich Meyer. Na ocasião construiu-se uma escola e mais duas peças para moradia, sendo mais tarde acrescentados dois quartos. O professor Meyer morou na escola até 1915. 

O prédio seguiu abrigando os pastores da comunidade de Lomba Grande até 1928, quando o pastor Jacob Sauer empreendeu uma série de obras no local, construindo outras salas de aula. Nesta época o prédio adquiriu as feições atuais, lançando mão de elementos típicos da arquitetura teuto-brasileira. 

A escola da comunidade – Geimeindeschule –funcionou até meados de 1940. O prédio, composto por elementos construtivos destes diferentes períodos, foi tombado como patrimônio cultural do município de Novo Hamburgo no ano de 2007.


FONTE: IECLB História
 JAHRWEISER - KALENDER FÜR DIE DEUTSCHEN EVANGELISCHEN GEMEINDEIN IN BRASILIEN 1930



sexta-feira, 30 de maio de 2014

SAT de Tramandaí (RS): Da majestosa sede à vergonhosa destruição

Considerada na época de sua inauguração em 1957 "uma sede de sociedade das mais notáveis no gênero no País", a sede social da SAT - Sociedade Amigos de Tramandaí, no município do litoral norte gaúcho, foi certamente uma das edificações mais relevantes e expressivas da arquitetura moderna no Estado.


Projetada pelo então novato Arq. Nestor Hamlet Hilgert, integrante da construtora Tedesco, utilizava-se do vocabulário da arquitetura moderna carioca, usando curvas e planos inclinados com segurança e maestria. Localizada inicialmente sobre dunas, logo a cidade cresceu e encontrou a sede social da SAT, localizada na avenida da Igreja, uma das mais importantes do local, ligando o centro a orla marítma.

Hilgert traduziu como nenhum outro o espírito de uma época, expressando a grandiosidade e opulência que as sociedades litorâneas alcançaram no seu auge.

Impondo-se respeitosamente na esquina que sempre ocupou desde sua inauguração, marcada pelo totem de uma garça revestido em pedras, moradores e veranistas assistiram estupefatos à derrubada impiedosa de mais da metade da sede social da SAT no ano de 2013. Daria lugar a uma torre de apartamentos. Através de forte movimentação contrária a derrubada, com o apelo da sociedade civil e entidades, a demolição foi embargada por alguns meses. A abertura de uma ação civil pública pelo Ministério Público Estadual através de denúncia da oscip Defender, do SAERGS e de arquiteta do local, garantiu tempo para os laudos necessários e discussões.

Mas apesar de um claríssimo laudo técnico emitido pelo IPHAE-RS onde deixava claro a importância cultural do prédio e a necessidade de reconstituição da parte destruída, e da manifestação de mais cidadãos e entidades, entre elas o Docomomo e o Conselho Estadual de Cultural, o promotor local assinou sem consulta técnica adequada um "acordo" entre as partes - nada mais do que o próprio arquivamento do processo, o que resultou na demolição final do prédio e no início da construção das famigeradas torres de apartamento.

Ou seja, assinou a perda definitiva de um grande patrimônio cultural do Rio Grande do Sul. Mais uma relíquia cultural que não soubemos reconhecer a tempo.

Fontes:
Jornal Correio do Povo 17 de janeiro de 1957
site Defender.org.br - foto autoria A. Huyer

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Porto Lucena (RS) e as sedes de colônia projetadas no RS


O último período das colonizações do Estado do Rio Grande do Sul - as ditas "colõnias novas" - foi marcado pela alteração da instância de financiamento e gestão do projeto de colonização. A partir de 1890 o Estado passa a ter atribuições mais amplas em relação a União e, em meados de 1895 a União passou gradativamente a diminuir os subsídios econômicos para financiamento das colonizações, sendo que em 1897 deixaram definitivamente de ser incumbência da União e passaram a ser responsabilidade exclusiva do Estado (PELLANDA, 1924, p. 15).

 O Estado criou então a Diretoria de Povoamento do Solo e respectiva Inspetoria, que mais tarde gerariam a "Diretoria de Terras e Colonização", criada especificamente para tratar da questão colonial.

Entre as tantas atribuições desta Diretoria, esteve a gestão e o planejamento das colônias novas, através dos núcleos regionais denominados Comissão de Terras. 

Das povoações planejadas pela Secretaria de Obras Públicas, a pedido da Diretoria de Terras e Colonização, algumas não chegaram a ser implantadas, como a sede definitiva de Santa Rosa. 
Outras, como a de Porto Lucena foram executadas, ainda que parcialmente. Planejado pelo Eng. C. Torres Gonçalves em 1918, às margens do Rio Uruguai, este plano urbano tinha como elemento marcante a praça rotacionada em relação a malha e o arruamento radial que dela derivava.

Originalmente pertencente à Colônia Guarany, Porto Lucena é hoje município e tem no seu traçado urbano preservado um interessante patrimônio cultural, revelador de um período histórico do Estado.

FONTES: 
PELLANDA, Ernesto. Colonização Germânica no Rio Grande do Sul 1824-1924. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1924.
Imagem - Acervo do AHRS - Arquivo Histórico do RS

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sapiranga - A Casa Tombada não pode tombar


A Casa Tombada de Sapiranga corre o risco de, literalmente, tombar. Único imóvel reconhecido oficialmente como patrimônio cultural num município que ainda guarda em seu território centenas de edificações de valor, a antiga Casa de Johann Schmidt, ou Atafona Schmidt, conhecida pela alcunha de casa tombada, encontra-se em acelerada degradação, com a perda de parte do seu telhado.

A edificação é uma das estruturas enxaimel estudadas pelo arquiteto Günter Weimer no seu livro Arquitetura Popular da Imigração Alemã. Segundo este estudo, a atafona teria sido construída em meados de 1870, sendo por muito tempo um dos mais importantes centros produtores de farinha de mandioca da região. Esta porção correspondente a atafona, anexa aos fundos da casa, foi demolida há algumas décadas. A casa, correspondente ao volume frontal, aparenta ter sido construída ainda anteriormente- o imigrante estabeleceu-se no local em meados de 1840.

Com o desmembramento da gleba e loteamento da área, a casa foi preservada, sendo repassada para a propriedade da Fundação Cultural e de Meio Ambiente de Sapiranga. A municipalidade efetuou o tombamento municipal e, há cerca de uma década, realizou uma obra recuperativa. 

Nos últimos anos o espaço foi sendo gradualmente abandonado, deixando de servir para  atividades culturais. Sem uso, o local acabou desaparecendo do imaginário das novas gerações. Curiosamente, foi justamente o vigamento roliço de eucalipto utilizado na última obra recuperativa para substituir peças comprometidas do telhado que desabou. A estrutura enxaimel resiste, fragilizada.

A atual gestão da Fundação proprietária do imóvel assumiu este mês e articula-se para reverter o quadro de abandono, recuperando a casa e retomando as atividades culturais. No dia 01 de Junho está marcado um ato público no local, incluindo um abraço coletivo, que pode ser o início simbólico da trajetória pela restauração da casa. Espera-se grande envolvimento da sociedade nesta causa, afinal, a participação e interesse da sociedade é a única forma de viabilizar a recuperação do espaço e garantir sua continuidade.



A Catedral de Vacaria e a descaracterização do patrimônio cultural religioso do Estado



O que restará do patrimônio cultural gaúcho no que tange à decoração interna dos templos religiosos?

No que depender da ingerência atual e da ausência de tutela do patrimônio, nada.

A reforma interna da catedral de Vacaria, cujas obras continuam a todo vapor apesar dos inúmeros e bem fundamentados apelos da comunidade, tem se destacado como um caso exemplar desta problemática.

Fica e exposta a completa arbitrariedade a que estão sujeitos os bens tombados apenas a nível municipal - uma vez que os municípios não mantém em seus quadros profissionais com conhecimento específico em conservação e restauração que possam orientar minimamente estas obras, e há omissão geral em submeter-se a ação fiscalizadora do Estado e União como impõe a Constituição. 

Também ficam claras consequências graves da falta de educação patrimonial inserida nos currículos das escolas, uma vez que a sociedade segue ignorando o que seja tombamento, restauração e a importância sócio-econômica do patrimônio cultural.

Pinturas murais, escaiolas, ladrilhos hidráulicos, estuques, imagens sacras antigas - detalhes singelos ou requintados das arquiteturas pretéritas, tem sido sistematicamente substituídos por um historicismo cafona, cheio de relevos em gesso e douraturas falsas. Perde-se completamente a ambientação e harmonia dos ambientes, o que parece ser o caso da bela catedral vacariense, cujas colunas internas já foram descaracterizadas com uma nova pintura de questionáveis valores estéticos.

A deformação é muitas vezes irreversível, e deixa a sociedade sem referências coerentemente preservadas da arte sacra. Esperamos que a reforma da Catedral de Vacaria seja paralizada - enquanto há tempo de avaliar corretamente a conservação e restauração de seu conteúdo histórico - e que as descaracterizações possam ser  minimamente revertidas. É a única forma de indenizar a sociedade pela perda irreparável, uma vez que boa parte da agressão já foi consumada.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Madalozzo - Prédio art déco em risco em Erechim (RS)


A cidade de Erechim guarda em suas ruas um dos exemplares mais relevantes da arquitetura Art Déco no Rio Grande do Sul.
Trata-se do prédio da antiga indústria de móveis Madalozzo. A edificação apresenta uma forma arquitetônica bastante expressiva, jogando com volumes arredondados e com uma grande e marcante laje em balanço. O projeto é do arquiteto José Pohl.

A relevância do prédio é ainda maior considerando o conhecimento técnico necessário para executar uma laje daquelas dimensões na época, em um contexto de mão de obra pouco especializada em concreto armado. E é justamente a laje, a parte mais relevante do conjunto que se garante "condenada" e se pretende demolir. Garante-se: para "reconstruir". É como dar um cheque em branco, autorizando para qualquer artista a repintar o nariz da Mona Lisa!

Como Erechim segue amargando a falta de uma efetiva tutela do seu patrimônio cultural, o prédio encontra-se em eminente risco de perda e descaracterização. O projeto de reforma não foi aprovado pelo Conselho Municipal mas, atropelando o procedimento, foi aprovado pela municipalidade, e já começou a ser executado. Tudo ocorreu à revelia dos institutos de preservação.
Está sendo marcado para terça, no dia 22 de abril, um abraço coletivo no local.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A Antiga Praça Parobé de Porto Alegre (RS)


Localizada no centro da cidade de Porto Alegre, ao lado do Mercado Público Municipal, a antiga Praça Parobé foi constituída oficialmente como tal em meados de 1925. Seu nome homenageia o eng. João José Pereira Parobé, que foi secretário de Obras Públicas do Estado.

O seu belo jardim francês era agraciado da Fonte Imperial (ou Fonte Francesa), hoje localizada no Parque Farroupilha. Infelizmente a saudosa praça não mais existe - após a grande enchente de 1941, que destruiu sua estrutura, o espaço passou a ser utilizado como largo de estacionamento. Posteriormente passou a funcionar como terminal de ônibus, função que desempenha até hoje. 

Fonte: postal antigo não datado

segunda-feira, 31 de março de 2014

Fanpage Memória [drops] RS no Facebook


O blog Memória [drops] RS agora tem uma fanpage no Facebook para facilitar a interatividade.

Curta agora Memória Drops RS e deixe um pouco da memória do Rio Grande do Sul fazer parte do seu dia-a-dia!

O Armazém Ítalo-Brasileiro de Cachoeira do Sul (RS)


A imagem apresenta a inauguração, em 1935, do negócio de Matheus Libonati na cidade de Cachoeira do Sul (RS).
Trata-se do "Armazém Ítalo-Brasileiro", casa de especialidades situada na esquina das ruas Ramiro Barcelos e Sete de Setembro. A edificação apresenta volumetria e fenestrações ainda tradicionais, típicas do ecletismo, mas com decoração simplificada e elementos art déco, como o frontão geométrico e o guarda-corpo naval na sacada.

O prédio embora não seja inventariado ou protegido ainda encontra-se preservado, com algumas alterações no térreo, marcando uma esquina na paisagem urbana de Cachoeira do Sul.

Fonte: Revista Vida Doméstica 1936 - Ed. 222.


quinta-feira, 27 de março de 2014

A antiga Av. Eduardo do 4º Distrito em Porto Alegre (RS)


O postal retrata uma das principais vias do antigo 4º Distrito de Porto Alegre (sua primeira zona operária e industrial por excelência) a Avenida Eduardo, posteriormente rebatizada para Avenida Presidente Roosevelt. Não é datado, mas provavelmente seja de meados da década de 20.

Eduardo seria o nome de um dos primeiros proprietários de terra do local. Já a homenagem ao Presidente norte-americano data de 1941, com a aproximação do Brasil às forças aliadas na Segunda Guerra. Neste ano, uma grande enchente flagelou centenas de trabalhadores e fábricas locais, e o consulado dos Estados Unidos intervieram com a doação de uma grande soma em dinheiro através da Cruz Vermelha.

Como parte da política de boa vizinhança e para demonstrar o alinhamento político-ideológico com os Estados Unidos a Avenida Eduardo passaria a se chamar Avenida Presidente Roosevelt, denominação que segue até os dias atuais.  É importante lembrar que o antigo 4º Distrito era reconhecido na época como berço de inúmeras células do partido Comunista e ainda, de elementos nacionais vinculados ao "eixo" (teutos e italianos) organizados em sociedades, e a homenagem da administração mostrava-se um contraponto a esta diversidade sócio-cultural e política.

Na imagem, é possível reconhecer em segundo plano à direita a antiga sede da Sociedade Gondoleiros.

Fontes: FORTES, Alexandre. Nós do quarto distrito: a classe trabalhadora porto-alegrense e a era Vargas. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2004..

quarta-feira, 19 de março de 2014

Antiga Escola Militar de Rio Pardo (RS)


Em Rio Pardo, na rua General Andrade Neves, destaca-se pela imponência a Antiga Escola Militar de Rio Pardo, hoje Centro Regional de Cultura. 

O prédio teve sua construção iniciada em 1848, com finalidade de abrigar uma Casa de Caridade. A partir de 1885 foi sede de quatro escolas militares, que tiveram como alunos figuras como Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Mascarenhas de Moraes. Seu último uso anterior a restauração foi o educandário das Irmãs do Puríssimo Coração de Maria, que nele instalaram o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Após sua desocupação, o prédio ficou por décadas abandonado - sendo inclusive doado ao governo do Estado do Rio Grande do Sul em 1974, o que nada alterou sua situação de abandono. 

Em 2002 finalmente iniciaram as obras de restauração, concluídas em 2005 com a inauguração do Centro Regional de Cultura Rio Pardo. A obra foi financiada através da LIC - Lei de Incentivo a Cultura. A restauração marcou o município, sendo até hoje praticamente a única obra de restauração criteriosa realizada na cidade. Trata-se de um marco também no Estado, considerando o porte da restauração e sua realização numa pequena cidade de interior. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

A impressionante antiga sede do Clube União em Antônio Prado (RS)


Antônio Prado teve em sua área urbana uma das mais imponentes e impressionantes edificações de madeira já construídas no Brasil. Trata-se da sede antiga do Clube União, inaugurada em 1923.

A edificação contava com dois pavimentos, e ainda com o sótão habitável, abrigado sobre um telhado de múltiplas águas e inclinação bastante acentuada. A volumetria do Clube União era marcante e imponente, integrando ainda nos beirais lambrequins de dimensões e desenho únicos.

Além dos eventos, bailes e festividades sociais, o prédio abrigou um cinema de 1928 a 1936, operado pelo sr. Calvino Palombini.

Infelizmente na década de 1960 o prédio foi desmanchado (foto), com a construção da nova sede do Clube. É importante frisar que, a esta época, o patrimônio cultural das imigrações ainda era completamente ignorado não só pela sociedade brasileira, mas pelos próprios institutos de patrimônio. A narrativa unificada que ainda imperava era o discurso do patrimônio arquitetônico luso-brasileiro.

Felizmente desde o final da década de 80 o patrimônio cultural das imigrações vem sendo reconhecido, embora o processo seja ainda bastante lento. Antônio Prado conta hoje com um conjunto de dezena de imóveis de madeira tombados como patrimônio nacional. É uma pena que o Clube União não tenha resistido até o tombamento. Sua perda deve servir de referência para que se evite a continuidade da demolição de tantas outras referências culturais. 

FONTES: BARBOSA, Fidélis Dalcin. Antônio Prado e Sua História.
Fotografia: Autoria de Nereu José de Boni. Publicada por Carla de Boni no grupo Memórias de Antônio Prado no Facebook.


quarta-feira, 12 de março de 2014

Salvo pela sociedade - Prédio da ACIT de Taquara


O prédio da ACIT - Associação Comercial e Industrial de Taquara (hoje rebatizada para CICSVP) é um dos mais ricos exemplares da arquitetura eclética no município de Taquara (RS).

Sua construção se deu em 1912, funcionando inicialmente como agência bancária do Banco da Província. Apesar de sua grande importância e presença marcante na paisagem urbana, sua estrutura começou a ser impiedosamente demolida em 1986. Com grande mobilização da comunidade (apesar de ser necessário comentar que houve mobilização também em contrário), com abaixo assinado e pressão junto aos órgãos públicos, o prédio foi tombado como Patrimônio Histórico do Estado do Rio Grande do Sul no mesmo ano.

O tombamento da ACIT foi um dos primeiros efetuados pelo Estado e retrata uma fase de grande mobilização social em defesa do patrimônio na década de 80 (outros bens foram tombados, também, por insistência da sociedade civil: Casa Schmitt Presser em Novo Hamburgo - pelo IPHAN, Ponte de Ferro em São Leopoldo pelo IPHAE, entre outros).

 Infelizmente Taquara não aprendeu a lição e, se existe ainda uma vaga ideia de conjunto minimamente preservado,deve-se a pequena área de entorno delimitada pelo IPHAE para o tombamento da ACIT. O município jamais assumiu sua missão complementando essa proteção. Dezenas de outros exemplares históricos importantes seguem se perdendo ano após ano naquele município, enquanto não há qualquer perspectiva de um inventário criterioso de seu patrimônio, de uma legislação de respaldo e de mais tombamentos e políticas de incentivo aos proprietários.

Fica o prédio da ACIT como um monumento da mobilização da sociedade pelo patrimônio - e, esperamos, como um incentivo para que um dia essa mobilização seja retomada e se torne contínua e perene.

FONTE: Site do IPHAE-RS

domingo, 9 de março de 2014

O futuro nunca chegou: Cassino Palace Hotel de Canela (RS)


O arrojado projeto do Cassino Palace Hotel mexeu com o imaginário dos gaúchos. O complexo hoteleiro e de jogos na cidade de Canela (RS) foi lançado pela empresa W. Rinaldo Dietrich S.A.

Anúncios em jornais e postais foram distribuídos a todos os lados já no final dos anos 30, anunciando a vultuosa obra que se tornaria referência no turismo da Serra Gaúcha.

O projeto foi encomendado ao arquiteto alemão Theodor "Theo" Wiederspahn, que estava nos últimos anos de vida, enfrentando problemas financeiros e já enfrentando dificuldades políticas devido às campanhas de nacionalização.

Muitos problemas foram se acumulando durante a construção, mas o golpe final no projeto seria dado em 1946. Com a obra em andamento, fundações finalizadas e primeiro andar sendo edificado, surge uma notícia: foram proibidos em todo País os jogos de azar.

A proposta de Cassino ficou assim inviabilizada e já não havia motivação ou recursos para concluir as obras do gigantesco Hotel. Assim, o Cassino Palace Hotel nunca se concretizou. Mas suas ruínas, que ainda existem, tornaram-se parte da história e da mitologia local da Serra Gaúcha. Espera-se sinceramente que estes resquícios sejam criteriosamente preservados.

FONTES:
Postal da época editado pela Livraria do Globo
WEIMER, Günter. Arquitetura erudita da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Editora EST Edições, 2004



Edifício Guaspari e a modernidade em Porto Alegre (RS)


Projetado na década de 30 por Fernando Corona em ponto privilegiado da cidade (próximo ao Mercado e ao Paço Municipal) o pequeno e esguio Edifício Guaspari tornou-se rapidamente um ícone da "modernidade" em Porto Alegre.

Longe de vincular-se ao que ficou conhecido como arquitetura moderna, o prédio representa uma espécie de proto-modernismo que bebe fartamente do vocabulário Art Déco. Mas, diferentemente do "grosso" da produção da época, sua arquitetura privilegia os jogos de volumes e de cheios e vazios, e não apenas elementos decorativos geométricos agregados na fachada.

A imagem mostra o Guaspari num postal, em composição com um dos leões do Paço e uma luminária da Praça Montevidéu. O prédio, embora seja inventariado como patrimônio cultural, encontra-se empacotado numa cortina metálica. A cidade despreza hoje um dos seus mais interessantes postais.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O templo luterano de Tramandaí (RS) - Comunidade Bom Pastor


Um dos principais marcos urbanos de Tramandaí é o seu templo luterano da Av. Fernandes Bastos. Trata-se de comunidade vinculada a IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, denominada comunidade Bom Pastor.

A comunidade organizou-se efetivamente a partir de meados de 1950, tendo já em 1952 lançado a pedra fundamental da igreja. Esta seria inaugurada somente em 07/02/1960 (época da imagem acima). 

O projeto é uma curiosa releitura estilizada de elementos neogóticos, e segue a estrutura com torre nos fundos que foi consagrada por alguns arquitetos teuto-brasileiros preocupados com a funcionalidade (o mesmo padrão repetido na Igreja da Ascensão, de Novo Hamburgo, na de Canela e em outras).

A torre ainda destaca-se na paisagem da avenida e mesmo nas visuais de Tramandaí a partir do rio.
É definitivamente um prédio único, construído em um período de transição entre o historicismo e a arquitetura moderna, que mereceria ser reconhecido e preservado.

Fonte da imagem: blog da paróquia

O Posto de Higiene de Novo Hamburgo (RS)



A imagem mostra a construção quase finalizada do prédio do novo Posto de Higiene de Novo Hamburgo, em 3 de Setembro de 1948.

O projeto, de linhas Art Déco de caráter bastante geométrico, foi desenvolvido pelo Departamento Estadual de Saúde em 1945, incorporando na sua arquitetura os novos paradigmas da medicina. O corpo era simétrico, com circulação central, e algumas paredes eram dotadas de cantos arredondados. A quantidade de aberturas denota a preocupação com a circulação do ar.

A presença do prédio na cidade marca um momento importante na trajetória da saúde pública no Brasil e, em especial, do "desembarque" tardio destas políticas públicas na cidade de Novo Hamburgo. O prédio ainda encontra-se no mesmo local e sem maiores alterações na fachada. Espera-se que continue preservado.


Fotos: I - Foto antiga - Acervo digital Gilberto Winter
II - Planta - Acervo da Fundação Scheffel.






quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O vazio da amnésia histórica: Patrimônio perdido em São Leopoldo (RS)


A luta da sociedade civil em defesa do patrimônio cultural é árdua. Atuamos num universo de aridez, de falta de perspectivas e num mar de indiferença.

Após apresentar uma grande vitória, o tombamento do Salão Holler, o Memória Drops traz o outro lado, aquele da luta perdida.

A Casa da Praça 20 de Setembro em São Leopoldo foi uma das primeiras tentativas de atuação da oscip Defender no Vale do Sinos. O mau estado de conservação desta edificação já sensibilizava grande número de leopoldenses - afinal, a casa situava-se em esquina de grande destaque na paisagem urbana do município.

Mas o desabamento parcial, a partir da segunda metade de 2011, alertou para a urgência de uma proteção. A casa começou então um período de lenta agonia, que duraria um pouco mais de dois anos.

Um abaixo assinado foi iniciado pela Defender, com mais de 500 assinaturas, em que se recolheu assinaturas nas ruas, universidades e ainda na internet. Tais assinaturas foram entregues a Prefeitura Municipal e a Promotoria do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul em São Leopoldo, solicitando ações imediatas para a preservação do imóvel. 

A Prefeitura Municipal e o MPE comprometeram-se em buscar uma solução para a preservação deste imóvel. O inquérito civil gerou um processo judicial que correu por estes dois anos. Houve ainda o lançamento de uma nova legIslação municipal de patrimônio em 2012, que mantinha a casa na lista de proteção. Infelizmente, no final de 2013, a acelerada degradação do bem serviu como justificativa para um "acordo" que permitiu sua final destruição, ao invés da restauração do que havia se perdido.

Infelizmente, apesar de toda legislação de respaldo ao patrimônio cultural e do envolvimento da comunidade, a casa da Praça 20 tornou-se apenas memória - um triste capítulo da trajetória do patrimônio cultural daquela que se diz cidade "Berço da Imigração Alemã no Brasil".

Perdemos, mas perdemos lutando.


Saiba mais:
Link do baixo assinado na sua versão virtual promovido na época
Artigo sobre a Casa da Praça 20 da época do abaixo assinado
Processo judicial envolvendo a casa.

As fotos utilizadas são de autoria de Sergio Matte (casarão) e Daniel Boeira (casa já demolida).




Salvo pelo gongo, Salão Holler agora é Patrimônio Cultural tombado do Estado do Rio Grande do Sul em Ivoti (RS)


O Rio Grande do Sul quase perdeu um dos exemplares de enxaimel mais relevantes de todo o território estadual: o Salão Holler foi construído em técnica enxaimel, típica da imigração alemã.
O Salão impõe-se na paisagem da Av. Presidente Lucena, o travessão através do qual a colonização de Ivoti foi realizada. Tem uma impressionante estrutura de madeira - com um pilar interno em madeira torneado, elemento bastante peculiar, e telhado em telha canal, cujos beirais são guarnecidos de cimalhas de madeira maciça. Foi um dos exemplares arquitetônicos estudados pelo arquiteto Gunter Weimer em seu clássico estudo sobre a arquitetura rural teuto-brasileira.

A comunidade, embora sensibilizada, assistia passivamente a demolição deste inestimável imóvel, em pleno desmanche e destelhamento para demolição. Felizmente a casa foi "salva pelo gongo" e a demolição embargada graças a ação rápida de dois delegados da oscip Defender - Cristiano de Brum e Alexandre Reis, no dia 17/06/2013. Ambos fizeram vigília no local, uma bateria de reuniões em que conseguiram sensibilizar a Prefeitura Municipal e a Promotoria Ministério Público e principalmente, obtiveram o apoio do IPHAE-RS - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual, através do seu então diretor Eduardo Hahn.

O IPHAE-RS, sabendo da urgência de uma medida protetiva, rapidamente envolveu-se na questão do Salão e instaurou o processo de tombamento estadual. Com o andamento dos estudos, finalmente foi publicado em janeiro de 2014. Trata-se do primeiro imóvel construído em técnica enxaimel relativo a imigração alemã tombado como patrimônio cultural pelo Estado do Rio Grande do Sul. 

Portaria nº 001/2014
O Secretário de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, no uso das atribuições conferidas pelo art. 90, V; art. 221, V, alíneas “d” e “e” e art. 222 e seus parágrafos, da Constituição do Estado, e fundamentando- se pela Lei 7.231, de 18 de dezembro de 1978, combinada com o Decreto-lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937, considerando a necessidade de preservar o patrimônio cultural do Estado e a importância de preservar os remanescentes do Salão Holler, no município de Ivoti, corroborado nos autos do Processo Administrativo nº 1917-1100/13-2, tendo como base o Parecer Técnico IPHAE N.° 34/2013, RESOLVE tombar toda a edificação original do Salão Holler incluindo a estrutura enxaimel original, a modenatura das fachadas e vãos, as esquadrias originais, a cobertura e estrutura de todos os elementos originais do edifício que caracterizam, qualificam e permitem a leitura arquitetônica da técnica construtiva. Publique-se no Diário Oficial do Estado. Ratifique-se e registre-se no respectivo Livro Tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Promova-se a averbação no Registro de Imóveis competente.
Fonte: Diário Oficial do Estado, 13 de janeiro de 2014, página 45.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O traçado urbano de Erechim (RS)

Erechim na década de 50

O plano urbanístico de Erechim foi concebido em 1914 pelo Eng. Carlos Torres Gonçalves. O projeto baseia-se claramente no urbanismo barroco, e nas intervenções Haussmanianas procedidas em Paris.

Uma praça foi concebida como coração do traçado urbano - a Praça Cristóvão Colombo, de onde irradiam as avenidas diagonais. O local impôs-se como espaço simbólico político, administrativo e religioso. Além da “Comissão de Terras” instalam-se ali  a prefeitura, a catedral e o fórum.

Erechim é um interessante exemplar de povoação planejada por iniciativa estatal no Rio Grande do Sul. Projeto urbano que merece ser preservado em todas as suas características estéticas e funcionais.

FONTE: FÜNFGELT, Karla. AS TRANSFORMAÇÕES DA PAISAGEM DA ÁREA CENTRAL E A FALTA DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA URBANA DA CIDADE DE 
ERECHIM(RS) 



domingo, 23 de fevereiro de 2014

A casa do farmacêutico Wolffenbüttel em São Leopoldo (RS)


Exemplar remanescente das construções ecléticas do século XIX, a residência de Leopoldo Wolffenbüttel foi construída em 1928 para o farmacêutico diplomado e sua esposa Malvina (Blauth) Wolffenbüttel. 
Leopoldo era filho de Henrique Wolffenbüttel, fundador da farmácia “Deutsche Apotheke”, inaugurada em 1869. Assumiu o negócio com a morte do pai, em 1897. A farmácia situava-se inicialmente na rua Independência, n° 40, e no local eram comercializados medicamentos importados da Alemanha e também produção local. O antigo prédio, citado como uma “das casas mais antigas de São Leopoldo” em jornal de 1934, também chegou a abrigar uma fábrica de licores e vinagres.
De família abastada, com tradição na área da saúde e com o sucesso comercial de seu negócio, Leopoldo Wolffenbüttel construiu na mesma Rua Grande de sua farmácia sua uma grande residência, inaugurada em 1928. A farmácia mudou-se, também, para novo endereço em frente a esta residência: Rua Independência, 321. Provavelmente devido a campanha de nacionalização promovida pelo Estado Novo, sua farmácia deixou de chamar-se Deutsche Aphotheke (“Farmácia Alemã”) para ser denominada pelo sobrenome da família, Pharmacia Wolffenbüttel. 

A casa Wolffenbüttel aparece ainda com seu uso original em fotografias da década de 60. Foi a partir de data ignorada convertida em salas comerciais e alugada, tendo sido ocupada nos últimos anos pela joalheria Passini. Após, foi ocupada pelo comitê eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) na eleição de 2012. Foi iniciada sua demolição em 2013, embargada pelo MPE - Ministério Público Estadual após posicionamento do IPHAE-RS, solicitada pela oscip Defender.
Infelizmente com a ausência de políticas municipais de patrimônio cultural, e de critérios fixos de preservação, a casa passa por uma reciclagem bastante severa e, descaracterizada, pouco restará da importância que teve.

Fontes pesquisadas:
Kalender für die Deutsche in Brasilien 1907 – Siebenundzwanzigfer Jahrgang. São Leopoldo: Editora Rotermund, 1907.
Kalender für die Deutsche in Brasilien 1912– Verlag von W. Rotermund. São Leopoldo: Editora Rotermund, 1912,
Correio de São Leopoldo. Ano II nº 96 1º de Maio de 1934. (Acervo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo) Correio de São Leopoldo. Ano V nº 212 02 de Outubro de 1936. (Acervo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo)
Correio de São Leopoldo. Ano X nº 508 23 de Julho de 1942. (Acervo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo)
MOEHLECKE, Oscar Germano. São Leopoldo era assim – o passado pela imagem. São Leopoldo: edição própria, 1982.
MORAES, Carlos de Souza. Crônicas de Minha Cidade: São Leopoldo. São Leopoldo: Editora Unisinos, 1996. PETRY, Leopoldo. São Leopoldo. Volume II. São Leopoldo: Editora Rotermund,1966. -Ficha de levantamento Projeto Revita II – Unisinos. 2011.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Santa Casa de Misericórdia de Arroio Grande (RS)


A fundação da Santa Casa de Misericórdia de Arroio Grande deu-se no dia 15 de março de 1930, tendo por fundadores o Cel. Francisco de Paula Alves e os srs. Aimone Carriconde,  Dionísio de Magalhães e Otacílio da Silva.

A administração do hospital mostrou-se muito mais difícil do que o concebido num primeiro momento, e por este motivo em junho de 1944, após acerto entre a Prefeitura e a Congreção das Irmãs da Congregação do Imaculado Coração de Maria, a gestão passou às religiosas, que também ocuparam-se da enfermagem.

No local, exerceram a medicina os dr. Dionísio de Magalhães, dr. Duarte Pacheco, dr. Rasmussem e dr. José Karam, cujos nomes ainda são lembrados pela comunidade arroiograndense.

Com ampliações, o prédio original sobreviveu ao tempo.

Fonte da imagem e informações: Livro Uma Vida e Uma Obra - 1º Centenário da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. 1849-1949


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

São Leopoldo (RS) e o rio dos Sinos


Nesta imagem da década de 1970, é possível ver a cidade de São Leopoldo ainda em uma relação bastante saudável com o Rio dos Sinos.

O conjunto arquitetônico da antiga Unisinos, a igreja Nossa Senhora da Conceição e o prédio modernista construído para Mercado Público, mas utilizado como rodoviária, destacam-se às margens das águas do rio.

Como eram frequentes os problemas de enchente no centro da cidade, foi posteriormente construído um dique nas margens do rio. Devido a forma que foi projetado, sem prever alternativas de circulação e acessos, acabou divorciando a cidade do rio. Um parque chegou a ser proposto nas áreas adjacentes ao rio recentemente, buscando resgatar esta relação, mas não há  nenhuma perspectiva de que seja executado.

Fonte da imagem: Revista Rua Grande Especial 150 Anos Depois. 1824-1974.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A demolição da antiga igreja de Erechim (RS) - 1969


A imagem apresenta a antiga Igreja de São José, de Erechim (RS) sendo demolida no ano de 1969.

A igreja havia sido construída entre 1927 e 1935, e, da inauguração até a demolição, durou apenas 34 anos. Havia sido construída de frente para a avenida principal da cidade, com a antiga Casa Canônica voltada para a praça.

O novo projeto que a substituiu pretendia marcar mais presença da então já Catedral de São José na paisagem. A nova Catedral pouco contribuiu positivamente, uma vez que sua arquitetura é bem menos relevante que a da antecessora.

A perda da antiga igreja é até hoje lamentada na cidade.

Fonte: Acervo Federação Vêneta La Piave Fainors




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Antigo Grupo Escolar de Sapiranga (RS)


A imagem, datada de 1934, mostra a edificação do "Grupo Escolar de Sapiranga", localizado na atual cidade de Sapiranga (RS). Tratava-se de prédio alugado para esta finalidade, localizado na atual rua Carlos Biehl.

Trata-se de um dos grupos escolares constituídos em alguns dos pequenos núcleos urbanos das antigas colônias alemãs, até então pertencentes a São Leopoldo (RS). Na ocasião também constituíram-se escolas públicas semelhantes em Campo Bom  e Arroio da Bica, sob a administração do Coronel Theodomiro Porto da Fonseca. Em muitos casos a construção do prédio, doação do terreno ou aluguel foi providenciada pela própria comunidade local, em contrapartida ao investimento estadual na manutenção de professores.

O Grupo Escolar de Sapiranga foi inaugurado em 12 de Outubro de 1934. Mais tarde, em 1937, a instituição foi rebatizada para Grupo Escolar Genuíno Sampaio, gerando a atual Escola Estadual de mesmo nome.
FONTE: Relatório de 1934 apresentado ao Exc. Snr. General Interventor Federal Dr. José Antônio Flores da Cunha pelo Prefeito Theodomiro Porto da Fonseca. São Leopoldo: Editora Rotermund, 1934.

A antiga entrada de Esteio (RS)



A entrada do município de Esteio (RS) era marcada por dois marcos de linhas modernas: o prédio da Prefeitura Municipal e o pórtico, um arco em concreto armado com os dizeres "Benvindo Seja".

O conjunto foi por muito tempo o principal cartão postal da cidade. Com a chegada da linha da Trensurb na década de 70, o arco acabou perdendo sua importância, ficando colado numa mureta de concreto junto a Estação Esteio.

Fonte da imagem: Marilessa Rodrigues / Grupo Esteio Fotos Antigas no Facebook



domingo, 26 de janeiro de 2014

Santa Maria (RS) em postal da década de 60



O postal da década de 1960 revela um entorno da Catedral Diocesana de Santa Maria (RS) ainda muito diferente.

As árvores do canteiro central ainda não haviam crescido, e alguns prédios históricos já demolidos ainda marcavam presença na rua.

É possível conferir o aspecto atual do local através do Google Streetview, clicando aqui.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Casa Engel Grünn, símbolo da luta da comunidade pelo patrimônio cultural


No processo histórico, alguns espaços ou edificações acabam se tornando simbólicos. É o caso da Casa Engel Grünn, também conhecida como Casa Daudt em referência a seu último proprietário, localizada no Corredor Cultural (rua General Osório) no Centro Histórico de Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo (RS).

O imóvel é um dos mais íntegros no município em termos de originalidade, e mais expressivos em termos de valor arquitetônico. O desinteresse do poder público municipal em assumir sua tutela e restauração, a falta de recursos do proprietário e o avançado estado de degradação da casa fazia com que sua recuperação fosse vista como um problema insolúvel, um tema "tabu", pouco levantado e discutido.

Através da movimentação da oscip Defender - Defesa Civil do Patrimônio Histórico a partir de 2012 e das ações do grupo Coletivo Consciência Coletiva, mobilizando a sociedade local, trazendo o patrimônio cultural de volta para o cotidiano, a Casa Engel Grünn ressurge como pauta permanente do patrimônio cultural da cidade.

Após um ato simbólico - abraço coletivo realizado no dia 15.09.2013, o ano de 2014 começa com a casa recebendo mais uma manifestação de carinho - a pintura em mutirão de voluntários de parte de sua fachada.

Uma esperança que finalmente renasce nessa casa, que sai do anonimato a que estava relegada e torna-se um SÍMBOLO da luta da sociedade civil pela preservação do patrimônio cultural.

Com a condenação judicial do município em efetivar sua restauração, são grandes as expectativas de que o poder público assuma de boa fé essa demanda comunitária e dê, finalmente, um bom exemplo de valorização e de preservação para Novo Hamburgo.

Caso recorra da decisão e negue a sua responsabilidade constitucional, a municipalidade estará criminosamente empunhando a marreta para derrubar a casa - e todo conteúdo simbólico que esta já representa.


Santo Antônio da Patrulha (RS): O adeus da chaminé da Marumby


(foto: Marcelo Fernandes)

Santo Antônio da Patrulha, um dos municípios mais antigos do Rio Grande do Sul, assistiu no início de 2014 mais um de seus patrimônios culturais indo ao chão. A chaminé da Marumby, construída pelo teuto-brasileiro Hans André, recebeu nos seus últimos dias o carinho da sociedade civil, que organizou um abaixo assinado em defesa de sua preservação.

Aparentemente não foi o suficiente: foi alardeado um perigo de desabamento da chaminé, que poderia colocar vidas humanas em risco (algumas famílias ocuparam a área contígua ao local). Conhecemos bem esta história: o suposto risco de desabamento costuma ser justificativa pra muitas demolições.

Mas a chaminé da Marumby não foi sem deixar uma lição: tentaram derrubá-la por dois dias consecutivos puxando com cabos de aço. A chaminé balançou um pouco mas resistiu, arrebentando os cabos. (o vídeo deste momento, gravado pelo patrulhense Marcelo Fernandes, pode ser conferido aqui).

Depois das tentativas inócuas de derrubar a chaminé da forma mais fácil (e ironicamente restando comprovado que o "risco de desabamento" era pura balela), esta foi demolida artesanalmente tijolo por tijolo.
A resistência desta chaminé a demolição é repleta de simbolismo. Que a cidade saiba absorver a lição e cuide do que restou de seu patrimônio enquanto há tempo.