terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Anúncio do arquiteto Adolpho Sieger


A imagem reproduz o anúncio do escritório de Adolpho H. Siegert, um dos tantos arquitetos de origem alemã que atuaram em Porto Alegre.

O profissional, cujo nome completo era Karl Adolf Heinrich Siegert, era natural de Colônia, Alemanha, onde estudou arquitetura. Teve passagem pela A.D. Aydos Cia., onde assinou o projeto de várias edificações em Porto Alegre. Na mesma empresa trabalharam os arquitetos Franz Filsinger e Fernando Corona.

Fonte: WEIMER, Günter. Arquitetos e Construtores no Rio Grande do Sul 1892-1945. Santa Maria: UFSM, 2004.
Origem do anúncio: Kalender für die Deutschen Evangelischen Gemeiden in Brasilien - 1933 ("Jahrweiser")

Igreja Martim Lutero de Cachoeira do Sul (RS) em construção

 
A imagem retrata as obras do templo luterano Martim Lutero, da IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, na cidade de Cachoeira do Sul (RS).
 
Trata-se de um dos templos protestantes mais interessantes e ousados. Projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederpahn, o prédio utiliza vocabulário do estilo neogótico e tem curiosamente uma planta de base octogonal.
 
A pedra fundamental foi lançada em 1930 e a obra foi rápida: em março de 1931 era inaugurado o templo batizado de "Martim Lutero".
 
O prédio é sem dúvidas um dos principais exemplares de arquitetura erudita da imigração alemã no sul do Brasil.
 
Fonte: Kalender für die Deutschen Evangelischen Gemeiden in Brasilien - 1932 ("Jahrweiser")

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Igreja Evangélica Betel - Um projeto não executado de Theo Wiederspahn em Novo Hamburgo (RS)


Novo Hamburgo teve um templo protestante projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederspahn, que acabou não sendo executado.

A capela ficaria na esquina das ruas Cristóvão Colombo com a rua Almirante Tamandaré¹ no bairro Vila Rosa. O terreno era doação de Camilo Nunes Monteiro para a Comunidade Evangélica Betel.

O projeto foi feito durante o período de parceria de Wiederspahn com o construtor licenciado Rohden de Novo Hamburgo, com quem manteve a firma Wiederspahn & Rohden Ltda. Protocolado na Prefeitura Municipal em 1950, deve ter sido um dos últimos projetos do arquiteto, que faleceria dois anos depois.

O projeto do templo registra a passagem missionária da Igreja Batista Independente no bairro Vila Rosa. Registra-se que esta comunidade sofria forte oposição e até perseguições.² A atuação deste grupo religioso concentrou-se inicialmente nos bairros Vila Rosa e São Jorge, mas iria se cristalizar, finalmente, no bairro Hamburgo Velho, onde se mantém o templo Batista Betel até os dias atuais na esquina da Av. Victor Hugo Kunz com a Rua Eng. Jorge Schury.

¹ Aparentemente esta rua foi rebatizada posteriormente, pois não foi possível localizá-la como uma perpendicular da Cristóvão Colombo.
² FONTE:http://www.cibi.org.br/index.php/memo/historia/608-os-batistas-independentes-no-rio-grande-do-sul
Imagem: Acervo da Fundação Scheffel.




Sobrado Art Déco em Santo Angelo (RS)


No centro da cidade de Santo Angelo é possível admirar um dos mais interessantes exemplares residenciais da arquitetura Art Déco no Estado.

Compondo paisagem com o museu, com a atual Prefeitura Municipal e com a Catedral Angelopolitana, o sobrado foi recentemente recuperado em iniciativa dos proprietários. Encontra-se agora em excelentes condições, apresentando até mesmo a mureta original com guarda-corpo metálico.

O Art Déco foi um dos estilos responsáveis pela transição de uma arquitetura eclética para a arquitetura moderna. Utilizava, em geral, decoração geometrizada, mas em exemplares mais vanguardistas havia ousadia na proposta volumétrica, como é o caso deste sobrado.

O estilo Art Déco foi tema do blog Die Zeit em artigo que pode ser acessado aqui.

Fica o belo exemplo de preservação da memória e da paisagem urbana por parte destes proprietários em Santo Ângelo.

Foto: Jorge Luís Stocker Jr. / 2012

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Estação ferroviária de Jaguarão (RS)

Jaguarão guarda outros atrativos além do belo centro histórico tombado: a antiga Estação Ferroviária. O espaço fica um pouco deslocado da área central, e apesar de ainda não abrigar nenhum atrativo público, vale uma breve visita para conferir sua arquitetura.

A chegada da linha férrea em Jaguarão foi bastante tardia, apesar de reivindicações da comunidade e de lideranças políticas. As tratativas para construção da viação férrea começaram em meados de 1890 mas só se concretizaram na década de 30. O prédio da estação foi inaugurado finalmente em 1932.

O modelo foi padrão da VFRGS nas décadas de 30 e 40, recorrente em outros municípios como Canoas, Campo Bom, Dom Pedrito, Santiago, Jaguari e outros. O prédio incluía no andar térreo sala de espera, sala do agente e telégrafo, setor de atendimento com depósito para bagagens, quarto do telegrafista e sanitários; e no andar superior, a residência do agente, cozinha, despensa, toilete e três dormitórios com terraços laterais.

Mais informações e curiosidades sobre a estação podem ser encontradas neste link.

Foto: Jorge Luís Stocker Jr./2011
Informações: Livro Patrimônio Ferroviário no Rio Grande do Sul. Inventário das Estações 1874-1959

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ivoti (RS) nos anos 80


O postal da década de 80 mostra praticamente toda a pequena área urbana de Ivoti na época, onde destaca-se a Av. Presidente Lucena - o "travessão" ao longo do qual foram distribuídos originalmente os lotes coloniais.

Na mesma década, em 1985, houveram movimentações pelo tombamento dos prédios históricos e limitação da altura das edificações na Av. Presidente Lucena. Foi publicado no jornal Zero Hora de 12 de novembro de 1985 um antológico artigo do prof. Júlio Nicolau Barros de Curtis, "Ivoti no limiar do lugar-comum", onde clamava por respeito a fisionomia histórica da via enquanto patrimônio da imigração alemã.

Infelizmente nesta época as lideranças políticas locais optaram pelo não reconhecimento do patrimônio cultural do centro da cidade, posição mantida por todas as administrações desde então. Pode-se dizer que Ivoti está neste momento atingindo o "lugar-comum" como profetizado pelo prof. Júlio de Curtis na década de 80.É nítida a crescente banalização da paisagem urbana, poluição visual, a saturação do trânsito na via, e é claro, a derrubada sumária do patrimônio cultural.

Como contraponto, Dois Irmãos (RS), a cidade vizinha, conseguiu manter seu "travessão inicial" como um lugar aprazível, ao longo do qual dezenas de bens históricos foram tombados. O fluxo maior de automóveis também foi realocado em vias paralelas. O exemplo prático demonstra que valorizar o patrimônio não é nada impossível e que Ivoti ainda pode resgatar um pouco do charme que restou, caso atitudes urgentes sejam tomadas.

Fonte da imagem: postal doado por morador de Ivoti (RS)
Fonte: CURTIS, Júlio Nicolau Barros de. Vivências com a arquitetura tradiciona do Brasil. Porto Alegre: Ritter dos Reis, 2003.

Catedral Nossa Senhora de Lourdes, em Canela, ainda inconclusa


A foto registra um dos principais postais de Canela (RS), na Serra Gaúcha - a igreja da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - quando ainda encontrava-se inconclusa. As obras iniciaram em 1953.

É também possível perceber a singeleza do paisagismo do entorno na época.

Pela imponência, ficou conhecido como "Catedral de Pedra" ou "Catedral de Canela". O templo, revestido em pedra basalto, é divulgado como uma igreja em estilo "gótico inglês". Na verdade, pode-se dizer que apresenta uma reinterpretação do estilo neogótico, praticamente pós-moderna. 

Fonte da imagem: Cartão postal não datado.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Cascata dos Narcisos em Gramado (RS)


Gramado já teve um belo ponto turístico natural: a Cascata dos Narcisos.

O bucólico local era cartão postal do município nas décadas de 70 e 80, e parada obrigatória para quem visitava a Serra Gaúcha.

Com o crescimento urbano descontrolado, o local transformou-se hoje praticamente em um depósito de lixo informal. A poluição das águas do arroio tornam o ar irrespirável, principalmente pela grande quantidade de esgoto doméstico nele despejada.

Fica o grande desafio para Gramado, de conciliar o turismo de massas do qual o município hoje depende com a preservação ambiental e do patrimônio cultural.

Fonte da imagem: Cartão postal da década de 80.

Cores novas no antigo Moinho projetado por Wiederspahn



O antigo Moinho Chaves, situado na Rua Voluntários da Pátria em Porto Alegre (próximo a Estação São Pedro) no bairro São Geraldo recebeu no mês de janeiro uma nova pintura.

O representativo exemplar de arquitetura industrial do arquiteto alemão Theo Wiederspahn integra o Inventário de Patrimônio Cultural do antigo 4º Distrito. Foi projetado em 1919 e inaugurado em 1921, tendo uma linguagem bastante avançada para a época.

Ernesto F. Scheffel e o voluntariado em defesa do patrimônio cultural de Hamburgo Velho


É impossível abordar a trajetória da patrimonialização do bairro Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo, sem lembrar do artista Ernesto Frederico Scheffel.

O artista (cuja obra pode ser conferida na Fundação Scheffel) promoveu, no início dos anos 80, o que hoje seria chamado de um "coletivo cultural". Muito antes das facilidades de comunicação das redes sociais, Scheffel conseguiu reunir uma rede de voluntários com o 'Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico e Artístico', em Hamburgo Velho.

As atividades do grupo aconteciam nas manhãs de domingo, com almoço de confraternização por conta do artista. Os voluntários procederam a pintura de muitas edificações históricas de Hamburgo Velho.

Na época também foram lançadas seis edições de um periódico no formato de jornal denominado "Hamburgerberg", até hoje praticamente a única fonte bibliográfica existente sobre a história do bairro e seu patrimônio.

O movimento encabeçado por Scheffel foi vanguardista no contexto do patrimônio cultural brasileiro, pois antecede o reconhecimento público (o centro histórico, aliás, continua sem nenhum tipo de proteção legal efetiva até hoje). O resultado foi, na época, uma mudança da "cara" do bairro e elevação da auto-estima, uma espécie de revitalização procedida apenas com o trabalho voluntário da sociedade civil.

Este belo exemplo de iniciativa da sociedade civil organizada deveria servir como um ótimo exemplo para os dias atuais. O futuro do bairro tem sido pensado sem a sociedade, e uma série de projetos equivocados pretendem promover a espetacularização e gentrificação do local, arriscando erradicar justamente o que se pretende valorizar.

 O Centro Histórico de Hamburgo Velho continua cada vez mais maltratado pelo descaso e por iniciativas equivocadas, que apenas refletem a omissão e a falta de tutela do patrimônio cultural. Parte do local segue em estudo de tombamento pelo IPHAN.

Fonte da imagem: Acervo particular de Gilberto Winter

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O monumento do centenário em Novo Hamburgo (RS)

(foto: Alexandre Reis)
As articulações para construção de um monumento do Centenário da Colonização Alemã em Novo Hamburgo começaram em 1916, com a fundação da sociedade "Denkmalverein von Alt und Neu Hamburg". Sua inauguração, entretanto, se daria apenas em 1927, curiosamente já comemorando também a emancipação de Novo Hamburgo, até então distrito de São Leopoldo, assinada no mesmo ano.

Ao redor do Monumento-mirante projetado pelo arquiteto alemão Ernst Seubert desenvolviam-se diversas atividades esportivas da Denkmalverein, que com a campanha de nacionalização ficou conhecida pelo nome de Sociedade Comemorativa de Hamburgo Velho e Novo Hamburgo. Esta associação seria mais tarde fundida com o America Tênis Clube, que ficaria com a guarda do Monumento. A sociedade mais tarde seria uma dos formadoras da atual Sociedade Aliança, que herdou a guarda do Monumento.

O Monumento do Centenário encontra-se preservado e aberto a visitação, bastando a identificação junto a portaria da Sociedade. Foi tombado pela municipalidade em 2008.

FONTES: KUHN, Diva Walzer. "O monumento de que inspirou uma associação" in Hamburgerberg Ano V nº 5 - Hamburgo Velho, 4 de Maio de 1988O Monumento da Colonização em Hamburgo Velho apud. DUARTE, Eduardo. O Centenário da Colonização Alemã no Rio Grande do Sul. p. 152 Porto Alegre: Tipografia do Centro,1946